34. SANGUE SAGRADO
CAPÍTULO TRINTA E QUATRO
❛ sangue sagrado ❜
UM HOMEM COM uma capa preta de viagem enrolada em volta do corpo respirou fundo antes de bater na porta à sua frente.
— Entre. — uma voz fria falou de dentro, e Severus Snape abriu a porta para ser recebido com a visão do próprio Lord Voldemort. Ele se curvou imediatamente para o Lorde das Trevas que assentiu para ele. — Ah, Severus. Sim, você chegou mais cedo do que o esperado.
— Sim, meu senhor. — Snape respondeu educadamente. — Com o que você pede minha ajuda?
— É Deanna. — Voldemort suspirou e deu um tapinha na cabeça de Nagini sem pensar. — Eu tenho visto ela de novo.
— Quantas vezes foi? — Snape imediatamente limpou a cabeça de todos os pensamentos quando seus próprios olhos escuros se encontraram com os vermelhos de Voldemort. Ele ouviu isso de Dumbledore, que também estava tendo seus próprios problemas. Ele sabia que não podia arriscar nenhuma chance de deixar Voldemort entrar em sua mente.
— Três. — Voldemort finalmente desviou o olhar, fazendo Snape relaxar um pouco. Ele direcionou sua atenção para Nagini e deu outro suspiro. — Nós já nos vimos três vezes, mas isso é diferente. No ano anterior, eram eles me vendo. E agora, estamos nos vendo. Por que isso?
— Talvez seja porque vocês dois ainda não se fecharam um para o outro. — a explicação de Snape fez Voldemort olhar para ele com uma leve confusão. Qualquer um pensaria que Voldemort não conseguia sentir nada além de ódio, mas havia apenas uma pessoa que podia fazê-lo sentir tudo de uma vez.
— Você não pode usar Legilimência em uma pessoa que fechou a mente. — Snape continuou explicando. — Você se importa com ela, meu senhor, e parece que ela também se importa.
Voldemort levantou a cabeça e um pequeno sorriso surgiu em seu rosto. — É mesmo? Muito bem então, obrigado, Severus. Você pode ir agora, e teremos uma reunião amanhã.
Snape fez uma profunda reverência e saiu da sala com um floreio de suas vestes. Assim que a porta se fechou, Voldemort começou a falar com Nagini em Parseltongue. — Só mais um pouquinho, Nagini. Só mais um pouquinho, e a teremos de volta conosco.
E ele de repente se lembrou de Deanna se perguntando se ela tinha sentimentos por alguém. Ele imediatamente cerrou o punho ao pensar que seu amor estava com outra pessoa, e Voldemort nunca soube que ele poderia sentir essa emoção. Essa emoção desconhecida que o fez sentir como se alguém tivesse tirado seu coração e o esmagado em pedaços.
Mas mesmo que Deanna estivesse apaixonada por outra pessoa, Voldemort nunca desistiria dela. O fato de Deanna ainda se importar com ele era o suficiente para ele continuar. Ele amava Deanna, e faria tudo se isso significasse tê-la.
— O que? — os olhos de Deanna se arregalaram quando ela viu a pessoa que a acordou. Lá estava seu pai com um pequeno sorriso no rosto e um copo de leite achocolatado e um prato de cachorro-quente nas mãos.
— Café da manhã? — Dumbledore perguntou, ainda sorrindo.
Deanna hesitou antes de assentir e pegar a comida dele. — Obrigada. — os dois Dumbledores comeram em silêncio nas cozinhas. Deanna só percebeu que só os dois estavam lá e ela não tinha desculpa para sair dessa conversa.
— Sinto muito, Pops. — Deanna finalmente disse depois de alguns momentos de silêncio. Dumbledore parou de comer e cuidadosamente colocou o garfo na mesa. Deanna respirou fundo antes de continuar a falar. — Eu sei que você só queria me proteger, mas eu simplesmente ataquei e ignorei você. Sinto muito por não ser uma boa filha.
Deanna brincou com as mãos e olhou para o colo, esperando que Dumbledore a perdoasse, esperando que eles ficassem bem. De repente, o som da cadeira de Dumbledore rangendo ecoou pela sala.
Deanna fechou os olhos e se preparou para o pior, para Dumbledore ir embora sem dizer uma palavra, mas, para sua surpresa, um par de braços quentes a envolveu e, como se um interruptor tivesse sido ligado, as lágrimas de Deanna começaram a cair e ela abraçou Dumbledore de volta com a mesma força.
— E-eu sinto muito, Pops. Sinto muito. — Deanna continuou se desculpando em meio aos soluços. — Sinto muito. Senti sua falta, pai.
— Shhh. Não se desculpe, amor. — Dumbledore piscou para conter as lágrimas, tentando se manter forte por Deanna. — Sinto muito. Sinto muito por machucar você, pequena fênix. Eu também senti sua falta, amor. Eu também senti sua falta.
Os dois deixaram seus sentimentos saírem, semanas de diferença os fizeram ansiar um pelo outro. Pai e filha finalmente se reencontraram, e eles nunca mais se separariam.
— Então, ouvi dizer que você e a Srta. Granger finalmente estão juntas? — Dumbledore riu quando Deanna corou e escondeu o rosto entre as mãos.
— Como as notícias se espalham tão rápido aqui? — Deanna gemeu e passou a mão no rosto, mas quando Dumbledore estava rindo, ela não conseguiu evitar rir com ele, e parecia que estava tudo bem. Tudo estava bem. Eles estavam bem.
— Estou feliz, Pops. — Deanna suspirou em contentamento, sorrindo para o pingente em seu pescoço. — Ela me faz feliz.
— E eu estou feliz, amor. — Dumbledore beijou o topo da cabeça dela. Ele então soltou um suspiro profundo. — Mas há algo que precisamos discutir.
O rosto de Deanna caiu porque ela imediatamente soube do que ele estava falando. — Papai, você não precisa...
— Não, amor, você está certa. Você merece saber, e foi errado da minha parte esconder isso de você. — Dumbledore apertou a mão dela e pegou algo de trás do sofá. Era uma Penseira. — Na verdade, é você quem tem a resposta, amor. Em suas memórias.
— Memórias? — Deanna estava confusa. Ela estava esquecendo de algo? Dumbledore de repente pegou sua varinha e parou, pedindo permissão a Deanna. Deanna assentiu e deixou que ele tocasse sua varinha na testa de Deanna e tirasse uma memória. Diferente das memórias usuais que têm brilhos prateados, a dela tinha um dourado.
— Pops, por que é dourado? — Deanna perguntou com curiosidade e confusão. Parecia místico, e Deanna sentiu uma atração inexplicável por ele, como se ela quisesse... Ela precisasse saber o que era. Dumbledore a observou por um momento antes de colocar a memória na bacia e acenar para ela. Deanna não perdeu mais um momento e imediatamente mergulhou na memória com Dumbledore.
Para a surpresa de Deanna, eles estavam no escritório do diretor, mas não era o escritório de Dumbledore naquele momento. Era o de Armando Dippet. — Pops?
— Estamos em sua antiga memória, amor. — Dumbledore sorriu quando a pequena Deanna finalmente apareceu de dentro de uma das armaduras. — Uma memória que você teve quando tinha apenas cinco anos.
— Sou eu. — Deanna correu até a pequena Deanna de cinco anos e engasgou. Era ela mesmo. — Por que eu sou tão...
— Tão?
— Tão adorável. — Deanna sorriu para Dumbledore, que simplesmente suspirou e começou a andar por aí. Deanna fez beicinho e o seguiu, mantendo os olhos nela.
— Você se lembra deste dia? Foi o dia em que eu estava me encontrando com Armando. — Dumbledore começou a explicar. — Nós estávamos nos encontrando sobre a profecia.
Deanna parou de olhar para a pequena ela que agora estava correndo com Fawkes e olhou para seu pai. — A profecia?
— Eu estava com medo de que você fosse o herdeiro das fênix, então me encontrei com Armando e perguntei a ele sobre isso, e de repente, isso aconteceu. — Dumbledore apontou para onde a pequena Deanna havia parado em frente ao Chapéu Seletor, e ela estava olhando para ele com curiosidade.
— Fawkes, um chapéu! — Deanna riu e pulou o mais alto que pôde para pegar o chapéu, mas sem sucesso.
— Queridos Fundadores, salvem-me. — o Chapéu Seletor gemeu quando Deanna não desistiu e tentou alcançá-lo novamente.
— Fawkes, um chapéu falante! — Deanna sorriu para a fênix ao lado dela. Fawkes soltou um grito e de repente voou até o chapéu.
— Você também, pássaro? — o Chapéu Seletor soltou um suspiro porque não podia fazer nada. Ele só podia esperar que o Diretor e o pai desse encrenqueiro viessem salvá-lo.
Deanna estava prestes a usar o chapéu quando viu algo dentro dele. Algo estava brilhando e, por curiosidade, a garotinha colocou a mão dentro do chapéu.
— O que você está fazendo, garota? — perguntou o Chapéu Seletor.
— Uma espada. — a pequena Deanna grunhiu e conseguiu tirar a espada de Gryffindor do chapéu. A atual Deanna assistiu à cena com surpresa. A lendária espada de Gryffindor só era cedida por verdadeiros grifinóriod. Ela era uma lufa-lufa. Por que ela poderia tirar a espada de Gryffindor?
— Não são só os grifinórios que tiram a espada de grifinória, amor. — Dumbledore explicou enquanto eles seguiam a garotinha. — Você sempre foi corajosa e isso lhe permitiu tirá-la da cartola. — Deanna apenas assentiu e observou seu eu mais jovem.
A pequena Deanna comemorou e tentou levantar a espada, mas ela era pesada demais para seu corpo de cinco anos. Ela tentou levantá-la mais uma vez e conseguiu levantar a espada, mas ela ainda era pesada demais. Ela gritou e acidentalmente tropeçou.
— Ei, garoto. Não! — o Chapéu Seletor gritou, mas era tarde demais. Deanna acidentalmente se esfaqueou com a espada, também esfaqueando Fawkes que estava voando atrás dela. A Deanna atual mordeu o lábio em constrangimento. Ela sabia que era estúpida, mas não sabia que era tão estúpida.
— P-pops. — Deanna puxou a espada com toda a força e caiu no chão, segurando a barriga.
— Oh, queridos Fundadores, me ajudem. Ei, criança. Fique acordada, não feche os olhos. — o Chapéu Seletor gritou para ela. Agora, até mesmo alguns dos retratos estavam acordados, e eles também estavam gritando para Deanna. Alguns estavam deixando suas pinturas e procurando por ajuda.
Deanna simplesmente assentiu e colocou a mão onde ela havia se esfaqueado. Fawkes começou a ir até Deanna, apesar dele também estar ferido. Ele conseguiu ficar ao lado de Deanna e descansou seu corpo sobre o dela.
Em sua confusão, a Deanna presente olhou para Dumbledore. — Papai, o que...
Dumbledore colocou um dedo nos lábios e apontou para a cena. — Olhe. — Deanna ainda estava confusa, mas olhou de volta para onde ela e Fawkes estavam, e seus olhos se arregalaram então.
A canção de uma fênix encheu a sala, uma melodia que parecia muito familiar para Deanna. Uma melodia que ela ouviu no dia em que retornou. Uma barreira dourada envolveu as pequenas Deanna e Fawkes. Deanna olhou mais de perto e viu o sangue de seu ferimento e o sangue de Fawkes se movendo em direção um ao outro como se algo os tivesse atraído um para o outro.
De repente, quando os dois sangues se tornaram um, o líquido vermelho se transformou em um de ouro. Aquele líquido dourado se separou e começou a se mover em direção a Deanna e Fawkes e o fogo envolveu os dois. Apesar do calor, parecia que não tinha efeito sobre Deanna e Fawkes. Como se fosse apenas uma coisa normal para eles. A chama vermelha se transformou em ouro e de volta ao vermelho... De repente, o fogo morreu e a sala voltou ao normal.
Os retratos e o Chapéu Seletor ficaram em silêncio por momentos, chocados demais para dizer uma palavra. Então, Deanna abriu os olhos e sentou-se lentamente, piscando para olhar ao redor. Fawkes também levantou a cabeça do colo de Deanna e piscou.
— Garota, você está bem? — o Chapéu Seletor perguntou preocupado. — O que aconteceu?
Deanna estava prestes a dizer uma palavra quando de repente ela roçou as penas da fênix e ela e Fawkes caíram de volta ao chão em uníssono. Deanna então se sentiu sendo puxada para cima e em um momento, eles estavam de volta às cozinhas.
Deanna olhou para a Penseira em choque, espanto e confusão. — Pops...
— Sua profecia, amor. Era uma de muito tempo atrás. — Dumbledore guardou a Penseira e olhou nos olhos de Deanna, finalmente pronto para lhe contar a verdade... Parte da verdade. — Quando você acordou depois disso, não conseguia se lembrar de nada. Nós perguntamos o que aconteceu, mas você disse que não conseguia se lembrar. Tudo o que você lembra era da sensação de calor.
— É, acho que lembro disso. — Deanna levou uma mão ao estômago onde acidentalmente se cortou. — Era como se eu estivesse em um incêndio, mas o fogo não queimava. Parecia que alguém estava me abraçando.
— Isso é porque você é a herdeira das fênix, amor. Esse incidente com você e Fawkes os amarrou um ao outro. Foi a razão pela qual você estava sentindo uma dor diferente quando usou a Pena de Sangue. Fawkes também estava sentindo dor então. Seu sangue não é um que deve ser misturado com magia negra.
Dumbledore parou por um momento antes de continuar. — Lágrimas de fênix podem curar, mas o sangue de uma fênix é sagrado. Uma vez que você tem contato com o sangue de uma fênix, vocês estão ligados um ao outro... É por isso que as lágrimas de Fawkes não funcionam em você a menos que você o toque.
Deanna apenas assentiu porque a explicação dele estava fazendo algumas peças se encaixarem no quebra-cabeça. — Então, e a profecia? Você sabia que era eu então?
— Nós só tínhamos especulações. — Dumbledore soltou um suspiro e sorriu para ela. — Suas perguntas estão respondidas agora, amor?
— Sim, obrigada, Pops. — Deanna o abraçou forte e franziu a testa quando notou sua mão novamente. — Sinto muito, Pops. Tenho sido uma filha ruim.
— Você não é, pequena fênix. — Dumbledore beijou o topo da cabeça dela e sorriu calorosamente, sabendo que tudo estava bem entre eles. — Você só tinha perguntas, e queria saber a verdade. Não é crime querer respostas. Mas eu preciso de algumas respostas também.
Deanna assentiu, sabendo imediatamente do que ele estava falando, e mergulhou na conversa sobre seus encontros com Voldemort. Ela não deixou de fora nenhum detalhe porque ela também queria entender o que estava acontecendo, e talvez Dumbledore pudesse lhe dar algumas respostas.
— O que está acontecendo, pai?
Dumbledore a encarou por um momento, o mesmo olhar que ela dava aos outros sempre que tentava tirar algo deles. Então, ele suspirou mais uma vez. — Não tenho certeza, amor. Harry não tem mais tido visões.
— Você acha que é a profecia? — a pergunta de Deanna fez Dumbledore encará-la novamente, como fizera alguns momentos antes.
— Acho que sim, mas posso estar errado. — Dumbledore balançou a cabeça e sorriu. — Bem, chega dessa conversa pesada, sim? Acho que gostaria de conversar com minha filha agora, depois de não ouvir falar dela por três semanas.
Deanna sorriu largamente antes de mergulhar imediatamente na história, ficando ainda mais animada ao contar a ele sobre a noite em que ela e Hermione ficaram juntas.
Dumbledore apenas riu da excitação dela e continuou a ouvi-la, embora ainda tivesse um sentimento de desconforto nele. Ele se convenceu de que tudo ficaria bem no final, mas, de alguma forma, ele sabia que não importava quantas vezes ele dissesse isso, não ficaria. A tragédia iria acontecer em breve, e ele só podia esperar que Deanna pudesse permanecer forte quando isso acontecesse.
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